O projeto “Construindo comunidades interculturais de aprendizagem para a Educação das Relações Étnico-Raciais” proposto pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (PPGED) - em parceria com o Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA/UFS), com o Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PROSS), o Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGCIMA) e de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) - foi contemplado pelo Programa Abdias Nascimento através do Edital Nº 16/2023/Capes, viabilizando o estágio de 56 estudantes de mestrado e doutorado da instituição na Universidade da Madeira, em Portugal.

Segundo a coordenadora do projeto, professora Marizete Lucini, o edital é uma ação imprescindível para os indicadores da UFS, mas, sobretudo, para a diminuição das desigualdades sociais que historicamente afetam as populações vulnerabilizadas pelo processo colonizador, uma vez que contempla um grupo social ainda não tão representativo na pós-graduação.

“Dentre os grupos sociais que mais sofrem com a ausência de políticas de promoção da igualdade estão as mulheres negras, pardas, indígenas e pessoas com deficiência. Sergipe concentra 74,5% da população autodeclarada preta ou parda, o que denota a importância de políticas que contemplem um grupo social que é a maioria no estado, mas que ainda está pouco presente na pós-graduação pela dificuldade de acesso a um direito que lhe foi historicamente negado, de modo velado, pela falsa ideia de acesso pela meritocracia, Dessa forma, ao propor ações específicas para os grupos vulneráveis, privilegiando regiões que historicamente estão em situação de desigualdade com o restante do país como Norte, Nordeste e Centro- Oeste, o Programa Abdias Nascimento representa uma iniciativa fundamental no sentido da diminuição das desigualdades, na reparação histórica às incontáveis contribuições na construção da riqueza do país, na promoção da justiça social e no enfrentamento à violência epistêmica e de gênero que ainda está muito presente na estrutura dos cursos de pós-graduação no país”, ressalta a professora.

Ela diz ainda que, para os estudantes que forem contemplados nos editais de seleção interna, prioritariamente mulheres negras, pardas, indígenas e com deficiência, a oportunidade de realizar um mestrado ou doutorado sanduíche em outro país representa uma possibilidade concreta de ampliar seus horizontes de vida, de pesquisa, de socialização de saberes e de sonhos possíveis.

“Isso significa que esses estudantes terão a chance de ampliar seus currículos, conhecer outra cultura, estabelecer relações de internacionalização em sua formação, participar de redes de pesquisa internacional, publicar em parcerias com pesquisadores estrangeiros e brasileiros, desenvolver ações de inserção social na universidade e nas comunidades de abrangência da universidade em que estarão desenvolvendo seus estudos e, ainda, ampliar significativamente o acesso a conhecimentos teórico-práticos disponibilizados através dos acervos bibliográficos da instituição receptora. Assim, também é um aspecto que mobiliza professores e estudantes das instituições envolvidas na realização de propostas de pesquisa articuladas à promoção da igualdade racial e de gênero. Estamos muito esperançosos e acreditamos que este projeto impulsionará o crescimento do programa e da comunidade acadêmica que dele participa”, completa Marizete.

A aprovação do projeto “Construindo comunidades interculturais de aprendizagem para a Educação das Relações Étnico-Raciais” também foi recebida com entusiasmo pelo PPGED. Segundo a coordenadora do programa de pós-graduação, Rosana Givig, esse é o resultado de um trabalho que visa democratizar e recompor as oportunidades do corpo discente na instituição.

“Para o PPGED, a aprovação de um projeto no Programa Abdias Nascimento é uma oportunidade de contribuir para as ações de democratização da educação, de proporcionar ao nosso corpo discente e de outros programas uma oportunidade de mobilidade internacional, uma vez que já havia o entendimento dessa necessidade frente aos próprios objetivos do nosso programa. Então o Abdias veio para consolidar essas ações de uma forma muito robusta, trazendo a oportunidade de internacionalização com outras universidades, com outras realidades e apropriação de novos conhecimentos”, explica Rosana.

De acordo com Gladston Santos, coordenador de pós-graduação da UFS, a aprovação do projeto no Programa Abdias Nascimento é de suma importância, uma vez que ele visa a capacitação dos discentes autodeclarados pretos, pardos, indígenas, quilombolas, do campo e/ou com deficiência em instituições de ensino e pesquisa de excel6encia no brasil e no exterior.

“Para a UFS, é mais uma possibilidade de consolidação das ações afirmativas junto a toda comunidade vinculada ao programa de pós-graduação em Educação, que teve êxito na aprovação junto a esse edital, e vem trabalhando consistentemente dentro das temáticas propostas há bastante tempo. Isso engrandece a instituição, o programa e toda comunidade acadêmica envolvida. É uma aprovação muito satisfatória”, salienta Gladston.

O programa

Criado em 2013, o Programa Abdias Nascimento se destina à estruturação, ao fortalecimento e à internacionalização dos Programas de Pesquisa e de Pós-Graduação por meio da mobilidade docente e discente internacional. Trata-se de uma parceria entre a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (Secadi/MEC) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

O programa tem como objetivo a formação e capacitação de estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas, quilombolas, população do campo e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, com elevada qualificação em universidades, instituições de educação profissional e tecnológica e centros de pesquisa de excelência, no Brasil e no exterior, conforme dispõe a Portaria do MEC n° 1.191, de 27 de junho de 2023.

Jéssica Vieira - Ascom UFS